Com a palavra, o presidente da Quinto Energy
Neste mês de novembro fui um dos painelistas do Hydrogen Dialogue, quando falei sobre o tema ‘A inserção do hidrogênio verde brasileiro na cadeia global’. Na ocasião, fiz algumas considerações sobre o mercado e gostaria de externar para vocês aqui, principalmente sobre o modelo de negócios do Brasil.
Primeiro de tudo, devemos superar o que estávamos discutindo há um ano e trazer os preços de energia a realidade do Brasil. Não podemos nos basear no mercado europeu; o Brasil tem uma capacidade de produção completamente diferenciada em relação ao mundo.
Os geradores eólicos de energia da Europa são baseados no modelo offshore, com custos de energia muito elevados. Temos a obrigação de mostrar o nosso modelo. O fator de capacidade que conseguimos obter hoje no Brasil é de 59%, utilizando o modelo onshore “no solo” – e deve ser levado em conta a energia híbrida, que utiliza a complementariedade da energia solar junto as curvas de geração da eólica, tudo isso associada a produção de hidrogênio como uma nova solução energética.
A tecnologia do hidrogênio verde já existe para pequena escala e ainda não é viável para 2025 em larga escala. Para os químicos verdes, o Brasil é totalmente viável e já há legislação para isso. Temos polos químicos e petroquímicos, e, com isso, o Brasil já tem condições de produzir em larga escala amônia, etanol e querosene de aviação. Então devemos discutir o preço e a produção destes produtos para o mercado já a partir de 2025.
Temos o melhor processo logístico, temos melhor posição geográfica do que o Chile e a Argentina. Não podemos olhar a certificação para o modelo europeu, devemos focar na certificação nacional, vez que o capital é intensivo no exterior. O Brasil é um celeiro de oportunidades para criar uma regulação de hidrogênio verde para os principais produtos que o Brasil entrega para o mundo hoje.
A Lufthansa irá utilizar um querosene verde e o Brasil pode ser um grande hub de querosene verde para o mundo. O Brasil deve criar uma certificação própria. Devemos aumentar o IDH pela certificação verde, já que 40 milhões de jovens estão sendo impactados pelas mudanças climáticas.